Pedivelas de 165 mm: entre conforto, desempenho e evolução das práticas de ciclismo

No ciclismo, a busca pelo desempenho muitas vezes envolve ajustes nos equipamentos que, embora sutis, podem ter consequências significativas. Entre esses ajustes, o comprimento das manivelas está hoje no centro das discussões, tanto no pelotão profissional quanto entre amadores esclarecidos.

Embora pedivelas de 165 mm sejam cada vez mais atraentes para ciclistas como Tadej Pogačar e Remco Evenepoel, a história recente do ciclismo mostra que outras abordagens, como as coroas Osymetric de Chris Froome, também causaram impacto. Então quais são as razões por trás dessa tendência? Quais são os impactos em termos de biomecânica, aerodinâmica e adaptação pessoal? E acima de tudo, o que você deve lembrar antes de dar o mergulho? TRABALHAMOS testfoi para você.

Por David Polveroni – Fotos: depositphotos.com / DR

As escolhas dos profissionais: uma busca constante pela otimização

O tricampeão do Tour de France, Tadej Pogačar, e o campeão mundial de 2022, Remco Evenepoel, adotaram pedivelas de 165 mm. A decisão deles reflete uma evolução na maneira como os corredores abordam a cadência e o conforto. Manivelas mais curtas permitem uma cadência de pedalada mais alta e reduzem as restrições biomecânicas, principalmente nos ângulos de flexão do joelho e do quadril.

Essas escolhas são particularmente adequadas para ciclistas como Pogačar e Evenepoel, que brilham com sua fluidez e capacidade de manter altas intensidades por longos períodos, seja em provas de tempo ou em subidas. Ao aumentar a frequência das pedaladas, otimizam a sua economia muscular, ao mesmo tempo que adotam uma posição mais aerodinâmica, essencial no ciclismo moderno cada vez mais exigente.

No auge de sua carreira, Chris Froome deixou sua marca não apenas com suas façanhas em meutagne e em contra-relógio, mas também por suas escolhas técnicas. Froome estava usando pedivelas de 175 mm, um comprimento considerado “razoável” para sua altura (1,86 m), mas também não excessivamente longo. Essa escolha refletiu o desejo de maximizar a alavancagem e se beneficiar da potência ideal nas subidas em que se destacou.

No entanto, um dos elementos mais marcantes de seu equipamento eram as coroas osimétricas de formato oval, que promovem uma transmissão de potência mais regular e ao mesmo tempo facilitam uma cadência mais elevada. As coroas ovais, combinadas com pedivelas mais longas, representaram para Froome um compromisso entre força bruta e fluidez de pedalada. Esta configuração destaca que, mesmo no pelotão profissional, não existe uma solução universal : as escolhas dos equipamentos devem se adaptar às características e estilo de cada corredor.

Pedivelas de 165 mm: entre conforto, desempenho e evolução das práticas de ciclismo
Christopher Froome utiliza há muito tempo bandejas osimétricas, que surpreendem pelo seu formato oval.

Por que as manivelas curtas estão se tornando cada vez mais populares?

  • Benefícios biomecânicos

Um dos principais benefícios das manivelas curtas é a redução do estresse nas articulações, principalmente nos joelhos e quadris.. Ao diminuir o comprimento das manivelas, os ângulos de flexão são reduzidos, o que pode ser benéfico para ciclistas com dores nas articulações ou mobilidade limitada. Isto também permite uma transmissão de potência mais suave, especialmente durante esforços prolongados, limiar e VO2máx ou em posições exigentes, como no contra-relógio.

Para sentir um efeito tangível, muitas vezes é necessária uma redução de pelo menos 5 mm. Por exemplo, passar de 172,5 mm para 170 mm ainda é perceptível, mas é ao passar para comprimentos mais curtos (como 165 mm) que os benefícios realmente se tornam perceptíveis. Dito isto, cada ciclista reage de forma diferente e o nível de sensibilidade às mudanças varia entre indivíduos.

Pedivelas de 165 mm: entre conforto, desempenho e evolução das práticas de ciclismo
A maioria dos pedaleiros do mercado vem com uma ampla variedade de comprimentos de pedivela.
  • Cadência e economia muscular

As manivelas curtas promovem uma cadência mais rápida, o que permite que a carga muscular seja distribuída por uma frequência mais alta. Esta cadência elevada, particularmente procurada hoje em dia (embora voltemos a ela para esforços de longa distância, ultra..), retarda a fadiga muscular e melhora a eficiência energética, especialmente durante subidas longas ou esforços sustentados.

  • Aerodinâmica e posição

Ao reduzir o comprimento das pedivelas, os joelhos sobem menos no topo da pedalada, facilitando uma posição aerodinâmica mais compacta. Esta característica é particularmente interessante para contra-relógio ou esforços individuais. Isso explica por que as manivelas curtas são tão populares entre os escaladores e cavaleiros modernos.

Implicações práticas e económicas: uma mudança a considerar com um biomecanista

Mudar para pedivelas curtas não deve ser uma decisão tomada levianamente. É altamente recomendável consultar um biomecânico antes de fazer esta modificação. Este último poderá analisar a morfologia, o estilo de pedalada e os objetivos do ciclista para avaliar se esta mudança é relevante. Uma vez feita a mudança, é importante testesta configuração durante vários meses. O corpo precisa de tempo para se adaptar e as sensações iniciais nem sempre são representativas dos benefícios a longo prazo.

Pedivelas de 165 mm: entre conforto, desempenho e evolução das práticas de ciclismo
Ir para 165 mm envolve alterar o comprimento das manivelas em todas as suas bicicletas.

Ajustes necessários

A adoção de pedivelas mais curtas envolve a revisão de vários aspectos do seu equipamento:

– Altura do selim : o selim deverá ser ligeiramente levantado para compensar a redução do comprimento das pedivelas.

– Engrenagens e desenvolvimentos : Com pedivelas mais curtas, muitas vezes é necessária uma cadência mais alta. Isto pode envolver repensar as engrenagens usadas para manter uma transmissão eficiente. No passado, as limitações dos cassetes e dos grupos muitas vezes ditavam manivelas mais longas para aproveitar os desenvolvimentos restritivos. Hoje, com cassetes modernas que oferecem um alcance alargado, estas restrições são largamente atenuadas.

– Custo para várias bicicletas : Os ciclistas com múltiplas bicicletas precisarão equipar cada uma delas com novos pedivelas, o que pode representar um investimento significativo.

Feedback: minha mudança para 165 mm

Em 2017, um acidente me deixou com pernas assimétricas em comprimento e força muscular. Esta situação há muito que influencia a minha forma de pedalar, tornando os esforços prolongados e de alta intensidade desconfortáveis, até dolorosos. Durante anos usei pedivelas de 170 mm, e faço isso há mais de 25 anos…

Pedivelas de 165 mm: entre conforto, desempenho e evolução das práticas de ciclismo
O 165 traz mais flexibilidade e fluidez à pedalada.

Um ganho em conforto, mas não uma revolução

Mudar para pedivelas de 165 mm não transformou minha pilotagem, mas o maior conforto foi imediatamente perceptível, justamente em altas intensidades onde encontrei mais facilidade, um pouco como as bandejas ovóides podem proporcionar. A redução nos ângulos de flexão trouxe uma fluidez bem-vinda, especialmente durante esforços sustentados no limiar anaeróbico ou em subidas prolongadas. Este conforto permitiu-me manter uma posição mais estável, o que resultou em melhor eficiência em passeios longos.

Repense as marchas e a cadência

Mudar para manivelas curtas me forçou a rever minhas marchas. Com uma cadência natural bastante baixa, tive que me acostumar a pedalar mais rápido, ajuste facilitado pelas cassetes modernas que oferecem faixas de desenvolvimento adequadas. Este continua a ser sobretudo um ponto que exige trabalho em casa, o regresso rápido dos velhos hábitos…

Pedivelas de 165 mm: entre conforto, desempenho e evolução das práticas de ciclismo
Ao passar para o 165, também foi necessário rever a gama de marchas.

Conclusão: conforto, desempenho e individualidade

A adoção de pedivelas de 165 mm representa um desenvolvimento interessante, mas não uma solução universal. Se eles oferecerem adiantamentostages em termos de conforto, redução de condicionantes biomecânicas e aerodinâmicas, a sua relevância depende sobretudo das necessidades específicas de cada ciclista. Os exemplos contrastantes de Pogačar, Evenepoel e Froome ilustram claramente que esta escolha deve ser adaptada à morfologia, estilo de pedalada e objetivos de cada pessoa.

Pedivelas de 165 mm: entre conforto, desempenho e evolução das práticas de ciclismo
A Remco Evenepoel adotou pedivelas de 165 mm para otimizar a cadência de pedalada e a posição aerodinâmica.

Por fim, como costuma acontecer no ciclismo, a regra de ouro que gosto de aplicar (com certo equilíbrio) continua a mesma: “conforto é desempenho”. No ciclodesporto ou na equitação amadora, estar confortável na bicicleta é essencial para dar o melhor de si. ENTÃO, antes de mergulhar, reserve um tempo para testou seja, ajustar e, sobretudo, discutir com um biomecânico. É esta abordagem ponderada que aproveitará ao máximo esta mudança subtil, mas potencialmente avançada.tag-los.

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Pedivelas de 165 mm: entre conforto, desempenho e evolução das práticas de ciclismo

David POLVERONI

  - 36 anos - Treinador - Embaixador Factor e Castelli - Agrimensor de passes - Apaixonado por ciclismo - Mais de 30 vitórias em Cicloesportivos - Freelancer desde 2018 - Prática esportiva atual: pura estrada, cascalho e no futuro do VTTAE Strava: David Polveroni

6 comentários sobre “Pedivelas de 165 mm: entre conforto, desempenho e evolução das práticas de ciclismo"

  1. Artigo interessante, que mostra que é preciso estar aberto, apesar de alguns comentários.
    Não é porque erramos (juramos durante muito tempo que a terra era plana) que devemos continuar no campo. Eu uso o padrão 172,5 mm, mas com certeza vou tentar o 170 mm neste inverno.

  2. Efeito de moda também? Há muito que se diz que a força é preponderante e agora temos de trabalhar.
    Há muito que dizemos que precisamos de bicicletas leves e agora só falamos de aerodinâmicas.
    O mesmo vale para a largura dos aros ou pneus.
    Quando será a próxima moda?

    1. @Thierry
      Você tem razão. Pessoalmente, não me canso dos aros altos. Não sinto que vou mais rápido no plano e nos solavancos me sinto mais “contido” como um dançarino. Com vento não vou te contar: é impossível largar o guidão! Meu próximo par de rodas será 35 maxi.
      Para pneus grandes, está ficando uma loucura com agora 30 seções. Acho que o 25 vai muito bem em todas as superfícies betuminosas.
      O mesmo vale para as manivelas, não me vejo trocando minhas 175 manivelas, embora já esteja acostumado com elas há 20 anos.
      Mas talvez eu seja apenas um velho cn!

  3. Também comecei com 165, antes de passar para 170. Isso foi há 40 anos, e os mantive por 2 anos. Foi a minha professora na época quem quis isso, para que eu pudesse virar as pernas e porque eu não era muito alto. No início, eu só sabia disso. Mas agora eu teria dificuldade em voltar.
    Quando você olha para Pogacar, tem a impressão de que ele não estica as pernas. Como dançarino, ele tem dificuldade de permanecer ali por muito tempo. De qualquer forma é uma pedalada totalmente diferente de um Virenque da época, que permaneceu por muito tempo dançarino na minhatagnão, balançando a bicicleta da esquerda para a direita, certamente com menos velocidade, mas também eficiência, e marchas muito mais restritivas do que agora em 39-23, pois são menores)
    Em suma, os tempos estão mudando. Por outro lado, para o cronógrafo, tenho mais dúvidas. Não dissemos na época que as manivelas grandes permitiam usar mais marchas contra o relógio? Parece-me que Anquetil alongou as manivelas para o chronos…

  4. Não sei se ainda é assim, mas há cerca de trinta anos era costume iniciar os jovens com 165 manivelas, para treiná-los em velocidade.
    Mas isso era na época das marchas limitadas (46×16 no mínimo e 50×16 nos cadetes).
    Hoje até as mães dirigem com marchas muito grandes.

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